Bull x Bear: the great wall street game

Touro versus urso o grande jogo de Wall Street e de qualquer outro mercado. A imagem de um touro e um urso lutando ferozmente é uma metáfora adotada em Wall Street para representar duas forças econômicas: a oferta e a demanda que se defrontam no mercado acionário.

O touro representa os especuladores que compram ações para vendê-las por valor mais elevado, eles criam pressões para aumentar os preços. O urso são os especuladores que forçam os preços para baixo, para adquiri-los por um valor menor e vendê-los na alta.
Uma crise econômica ao gerar incertezas, faz os investidores liquidarem, suas posições a qualquer preço, o que beneficia o urso. A redução da incerteza que estabiliza o mercado e cria expectativas favoráveis beneficia o touro. Normalmente, espera-se que o touro prevaleça no mercado, tanto que o símbolo de Wall Street é a estátua de bronze de um touro e não de um urso.
Contudo, a metáfora do touro e do urso vale para qualquer mercado. O touro quando ataca usa seus chifres para golpear suas vítimas de baixo para cima, jogando-os no ar. Aplicando a metáfora representa a oferta que tende a pressionar a subida dos preços. O urso quando em luta procura trazer seu oponente para baixo, pressionado contra o solo. Na metáfora simboliza a demanda que pressiona os preços para baixo.
Em uma situação perfeita de mercado touro e urso teriam forças equivalentes. No entanto, a perfeição de mercado não existe, pois sempre se manifestam pressões que fortalecem a oferta ou a demanda.
Nos mercados não financeiros as forças podem pender a luta para qualquer um dos contendores. O touro pode se beneficiar com a eficiência produtiva que limita a entrada de outros concorrentes (monopólio natural); com a propriedade exclusiva de fontes de recursos essenciais; com o monopólio de patentes; com a diferenciação entre produtos que podem criar custos de mudança de fornecedores; com concessões governamentais; ou com a combinação entre produtores ou entre compradores.
O urso se beneficia com a pressão causada pelos compradores sobre os fornecedores. Nesta situação os demandantes são organizados, adquirem grande parcela do volume vendido ou tem maior poder de barganha. Imagine-se uma grande rede de supermercado adquirindo produtos de uma pequena fábrica, as pressões sobre os preços e as condições de pagamento mostram a ações do urso.
Observe-se o seguinte detalhe: para uma força prevalecer beneficiando o touro ou o urso, o agente econômico deve ser concentrado e influir nas decisões do seu “oponente”. Do lado da oferta, isto ocorre por que há menos produtores que compradores e à medida que os ofertantes se organizam tendem a influenciar as decisões dos compradores. É a ação do touro.
Pela ótica da demanda este fenômeno também ocorre especialmente nas operações em que uma empresa adquire grande parcela da produção de seus fornecedores.
Agora se o comprador é o consumidor final, não há ação do urso, apenas do touro. Para equilibrar a contenda surge o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor formado pelos Procons, pela Secretaria Nacional de Defesa do Consumidor, pelo Conselho Administrativo de Defesa da Economia (CADE) e pelas Agências Reguladoras.
O Procon é um órgão auxiliar do poder Judiciário, procura solucionar conflitos entre consumidores e empresas vendedoras, sua atuação pode ser estadual ou municipal. Sua atuação é para auxiliar ao urso.
A Secretaria Nacional de Defesa do Consumidor foi criada em 2012, com o objetivo de formular, promover supervisionar e coordenar a política nacional de proteção e defesa do consumidor. Sua função é estabelecer a estratégia geral do urso.
O CADE tem por função zelar pela livre concorrência no mercado, envolvendo analise e decisões sobre funções, incorporações, aquisição de controle e outros atos de concentração econômica; investigar e julgar sobre a formação de cartéis. O grande objetivo é minimizar os efeitos e limitar a formação de oligopólios, monopólios e outras figuras de mercado. No confronto entre o touro e o urso o CADE procura limitar o poder de um dos lados.
Por fim, as agências reguladoras cuja função é fiscalizar a prestação de serviços públicos privatizados. Sua missão é evitar o surgimento de grandes touros que dominem os ursos.

 

Ricardo Maroni Neto: economista, professor do Unifieo e do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia – IFSP, autor do livro Manual de Gestão de Finanças Pessoais é membro do Grupo de Estudos de Comércio Exterior do Unifieo – GECEU.