Quem sobreviver verá!

“O que será o amanhã? Responda quem souber…”. Este artigo foi escrito às vésperas da abertura da Copa e neste momento o futuro está claro: primeiro a Croácia, em seguida o México e por fim, Camarões. Depois, quem viver verá.
Principalmente pelo fato da expectativa de vida dos brasileiros ter saltado de 71 em 2002 para 74,6 anos em 2012. É obvio que isto impacta no valor da aposentadoria e no déficit público. Em outras palavras, vai viver mais com menos. O PIB que mostra a riqueza gerada dentro da Economia, faz que vai e não vai. A projeção é de 1,63% para 2014, com tendência de queda. Em 2013 foi 2,3%.
O investimento dá base ao crescimento futuro do PIB. Segundo informações recentes a taxa de investimentos está na casa de 18% do PIB, com leve declínio em relação a 2013. Como não há expansão dos investimentos, o PIB continuará estagnado. O crescimento do PIB indica oportunidades de geração de renda com salários ou negócios. O baixo crescimento indica o inverso.

A inflação oficial em alta, acima dos 0,55% ao mês nos últimos 6 meses e desde o início de 2013 batendo no teto da meta que é 6,5% ao ano. Para contrapor a política monetária é recessiva puxando a taxa Selic para cima. Nos últimos 17 meses a taxa saltou de 7,25% para 11%. A interpretação é: o remédio não está curando o doente, até porque a inflação é de custos e não de demanda. Os fatores que alavancam os preços são alimentos e transportes.

Nas relações internacionais os resultados do balanço de pagamentos mostram que o modelo de financiamento pela poupança externa está esgotado. O déficit em transações correntes está sendo alimentado pelo déficit no balanço comercial e os recursos advindos da conta capital e financeira não são suficientes. É o mal das Economias dependentes do resto do mundo.

Já que tratamos de coisas ruins, falemos de carga tributária. Em 2013 foi 36,42% do PIB. Em 2003 era 32,52%. Diga-se de passagem que o imposto de renda, principal fonte de receitas públicas – cerca de 25% – não tem correção da tabela pela inflação real e a restituição somente é corrigida após a entrega da declaração.
A dívida interna algo na casa de 55% do PIB, equivale a cerca de R$ 2,7 tri. Quando aumenta a taxa de juros eleva a despesa financeira com a dívida, pressionando o déficit público, exigido mais arrecadação, corte de gastos não financeiros ou novas dívidas.

Para aquilatar a situação e piorar o quadro da Copa, as notícias trazem nuvens carregadas: dengue com 6.000 casos em São Paulo; sistema Cantareira entraria em colapso na Copa, se não fosse o bombeamento do volume morto; greves, protestos que geram tumultos e não atingem o cerne da questão – provavelmente nem os protestantes o sabem. Ninguem protesta na frente da Receita Federal, nem na frente do Ministério da Fazenda, pede-se aumento de salários, mas não a redução dos preços. Querem o padrão Fifa na Educação e na Saúde, mas não na gestão da coisa pública. E depois da Copa? Quem sobreviver verá!

Ricardo Maroni Neto, economista, professor do Unifieo e do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia – IFSP, autor do Livro Manual de Gestão de Finanças Pessoais é membro do Grupo de Estudos de Comércio Exterior e Relações Internacionais do Unifieo – Geceu.